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Crítica: Succession

Foto do escritor: Caetano GrippoCaetano Grippo
Succession

É impossível acompanhar toda a trama de Succession se você não for uma pessoa atenta aos detalhes. Embora as conversas e os conflitos sejam claros, muito acontece em pequenos gestos, em golpes rápidos, olhares precisos e movimentações que vão trazendo dicas sobre a suposta "verdade" daquelas pessoas.


Quero dizer: a história tem um começo, meio e um fim, mas a crítica do autor se manifesta em outra instância, como se estivesse preparado um ringue, um cenário, um palco, deixando os personagens falando por si só. Seja por sua ganância, pelos seus medos, inseguranças e tantas virtudes que lhes faltam.




Mas o essencial, o que me faz querer continuar assistindo a essa série que acabou há alguns anos – e cujas maravilhas da terceira temporada ainda estou experimentando – é justamente uma série de valores que são promulgados nas redes sociais, que estão na boca de todos e que, praticamente, são tratados com certo desprezo por todo aquele universo.


Tenho a sensação de que o discurso das massas, ou a vontade do povo, fica tangenciado, como uma espécie de assombração que não existe, que em alguns momentos parece uma ameaça, mas que, no fundo, nenhuma daquelas pessoas se importa com o que, de fato, a tão falada opinião pública exige dos poderosos.


Sempre enfatizo essa ideia de "encenação silenciosa" – aquilo que não está sendo dito com clareza, mas que está sendo mostrado e, em algum lugar do inconsciente do espectador, o recado é transmitido. E é isso que gosto muito em Succession: o esperneio dessa massa movida por sentimentos infantis, um desejo de justiça moralista, a ideia de que a superioridade moral é algum tipo de arma válida nesse mundo... tudo isso é uma grande piada no mundo onde o poder realmente é orquestrado.


Succession

Isso me faz lembrar da epígrafe do livro Vozes Anoitecidas, de Mia Couto:


O que mais dói na miséria é a

ignorância que ela tem de si mesma.

Confrontados com a ausência de tudo,

os homens abstêm-se do sonho,

desarmando-se do desejo de serem outros.


Você pode pensar e sentir o que quiser sobre aqueles personagens. Afinal, Succession também é sobre o quanto pouco importa o que você sente sobre os bilionários e suas peripécias.


No fim... podemos esbravejar à vontade.

É o que resta.


 

Caetano Grippo (@caetano.grippo) é cineasta, escritor, artista plástico e coordenador do Espaço Rasgo. Formado pela Academia Internacional de Cinema e pela Belas Artes, acumula quase duas décadas de experiência como artista multidisciplinar.

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