Antes de dirigir seu aclamado Retrato de Uma Jovem em Chamas (2019), a diretora Céline Sciamma produziu outros três filmes: Garotas (2014), Tomboy (2011) e seu primeiro filme em 2007, Lírios D’Água.
O filme conta a história de três garotas que convivem ao redor de uma piscina local, onde jovens praticam nado sincronizado. Marie passa a viver à sombra da capitã do time juvenil, Floriane, que é conhecida por todos por sair com vários garotos da escola. A relação entre elas se confunde: entre as descobertas amorosas e a paixão pelo esporte, Marie passa a deixar de lado sua melhor amiga Anne para poder estar mais próxima de Floriane.
O filme é descompassado. Seu ritmo é arrastado, os eventos da narrativa muitas vezes são singelos demais para o tempo de duração das cenas e a atriz que conduz o protagonismo não possui muitas variações expressivas, o que deixa a personagem Marie distante do espectador. Mas mesmo assim, há muitos momentos belíssimos de descobertas e enfrentamentos entre elas. Mesmo que possamos criticar essa ‘dureza’ nas expressões da protagonista, ao aceitar que seu desejo é tão grande, entendemos que não haveria outra forma de se relacionar diante das provocações de Floriane.
A relação entre afeto, desejo e as águas é o que resulta nas belas imagens do filme, característica essa que está em todos os filmes de Céline Sciamma, que atingiu outro patamar de qualidade estética com seu Retrato de Uma Jovem em Chamas. Aguardamos ansiosamente Petite Maman, seu novo longa-metragem ganhar uma data para ser lançado aqui no Brasil.
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Sobre o autor do texto: Caetano Grippo é cineasta, artista plástico e professor. No Espaço Rasgo, além de coordenador é idealizador e professor dos cursos de narrativas, fotografia e direção.
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