top of page
rasgo-newsletter.png

Obrigado por inscrever-se!

Ao cadastrar seu e-mail, você recebe em primeira mão todas as novidades do Espaço Rasgo. Enviamos, no máximo, dois e-mails por semana. E, se mudar de ideia, pode se descadastrar a qualquer momento.

Mas afinal, o que é psicanálise?

Foto do escritor: Espaço RasgoEspaço Rasgo


O CONTEXTO HISTÓRICO


O século XIX foi um período de profundas mudanças na Europa, marcado pela Revolução Industrial, pela ascensão dos Estados-nação e por revoluções políticas, como a Francesa (1789) e as de 1848. Essas transformações geraram uma crise de valores, deslocando estruturas tradicionais baseadas na religião e na monarquia para uma era de secularização e racionalidade. Nesse contexto, o positivismo emergiu como uma filosofia que buscava reorganizar a sociedade por meio da ciência, oferecendo uma resposta intelectual aos anseios por ordem e progresso.


Desenvolvido pelo francês Auguste Comte (1798–1857), o positivismo propunha que o conhecimento humano passa por três estágios: teológico, metafísico e positivo. No último, a ciência torna-se o único método válido para compreender a realidade. Comte vislumbrava uma "sociologia" (termo por ele cunhado) como ciência capaz de reformar a sociedade, guiada por uma elite de cientistas. Sua obra Curso de Filosofia Positiva (1830–1842) defendia que leis científicas universais governariam não apenas a natureza, mas também as relações humanas. Nesse contexto, as abordagens médicas tradicionais, que procuravam explicações puramente orgânicas para os sintomas das neuroses e da histeria, mostravam-se insuficientes para explicar a complexidade dos processos emocionais e dos conflitos internos.




Freud, ao atender pacientes e observar que muitos sintomas não encontravam causa em fatores biológicos simples, passou a investigar os processos mentais mais profundos, especialmente aqueles que permanecem fora da consciência, propondo que muitos problemas psíquicos estavam enraizados em desejos e traumas reprimidos, formados principalmente na infância. Observando pacientes com sintomas histéricos (como paralisias sem causa física), ele propôs que traumas emocionais reprimidos poderiam se manifestar como doenças. Sua obra seminal, A Interpretação dos Sonhos (1900), marcou o nascimento da psicanálise, ao defender que os sonhos são "a via régia para o inconsciente".


O conceito de inconsciente é central em sua teoria, representando um sistema dinâmico que armazena desejos, memórias, impulsos e conflitos reprimidos, os quais influenciam comportamentos, emoções e até sintomas físicos. Para Freud, o inconsciente não é apenas "o que não é consciente", mas uma entidade ativa que molda a experiência humana de maneira profunda e, muitas vezes, perturbadora. Ou seja, quando falamos de psicanálise, estamos falando de inconsciente.

A FORMAÇÃO DO INCONSCIENTE


Diversos autores se apropriaram do conceito de inconsciente ao longo do século XX, assim como nos tempos atuais, e propuseram diferentes pensamentos a respeito da formação e da constituição desse “lugar”. Nessa aula vamos abordar um pouco da sugestão Freudiana para nos orientarmos, tendo em mente que essa é uma visão introdutória para entendermos o surgimento do pensamento psicanalítico e sua influência na cultura. 


Freud propõe que o inconsciente se forma principalmente por meio do mecanismo de repressão. Em sua visão, desejos, impulsos e lembranças que são considerados inaceitáveis ou ameaçadores para a consciência acabam sendo expurgados do campo consciente. Contudo, esses conteúdos não desaparecem; eles permanecem ativos no inconsciente, influenciando nossos comportamentos, sonhos e sintomas neuróticos.





O mecanismo de repressão é uma espécie de "botão de segurança" da mente. Em termos simples, trata-se de um processo automático e inconsciente pelo qual a mente empurra para fora da consciência pensamentos, sentimentos, desejos ou memórias que possam causar desconforto, ansiedade ou conflitos internos. Imagine que, diante de uma situação dolorosa ou de um impulso inaceitável, o cérebro cria uma barreira para evitar que esses conteúdos perturbadores cheguem à consciência. Mesmo que esses elementos não sejam esquecidos completamente, eles ficam "guardados" no inconsciente, onde podem influenciar nosso comportamento de forma indireta.


Essa defesa não é um ato deliberado; ela ocorre sem que a pessoa perceba. Por exemplo, alguém que passou por uma experiência traumática pode não se lembrar claramente dela, mas as emoções e reações ligadas a esse evento podem se manifestar em sonhos ou em comportamentos aparentemente inexplicáveis. Assim, a repressão protege temporariamente a pessoa de enfrentar sentimentos e pensamentos que poderiam causar sofrimento intenso, mas, ao mesmo tempo, pode levar a problemas como sintomas físicos, ansiedade ou conflitos emocionais que surgem de maneira sutil.


A ideia é que, ao reprimir conteúdos considerados inaceitáveis, o ego (a parte da mente responsável por lidar com a realidade) tenta manter o equilíbrio emocional e a estabilidade psíquica. Como esses conteúdos não desaparecem de forma definitiva, eles acabam se infiltrando na vida do indivíduo de maneiras indiretas, aparecendo em lapsos de memória, erros de linguagem ou em reações exageradas a determinadas situações.






MAS O QUE É O EGO?


O ego é o Eu. Sempre que falamos de ego, estamos nos referindo a essa noção de identidade. Ele se desenvolve a partir da interação entre os impulsos instintivos (que chamaremos de id), as exigências da realidade e as influências dos valores e normas internalizados (o superego). Nesse embate constante entre os desejos internos e o mundo externo, o ego aprende a lidar com conflitos e a mediar essas forças opostas. Para se proteger, recorre a mecanismos de defesa, como a repressão, filtrando conteúdos e desejos que, se acessados diretamente, poderiam ser ameaçadores. É nesse processo que o Eu ganha contornos e se define.


Em outras palavras, o ego não nasce pronto, mas se forma e se fortalece à medida que o indivíduo vivencia situações de conflito e precisa encontrar maneiras de manter o equilíbrio psíquico. A repressão, nesse contexto, funciona como uma estratégia que ajuda o ego a afastar conteúdos dolorosos ou inaceitáveis, permitindo que o indivíduo continue a funcionar no dia a dia. Assim, ao aprender a gerenciar esses conflitos por meio de defesas, o ego vai se moldando e se estruturando, atuando como mediador entre os impulsos primitivos do id, as exigências da realidade e as imposições do superego.




E QUAL A IMPORTÂNCIA DE TUDO ISSO?


A ideia do inconsciente, proposta por Freud, teve um impacto profundo na cultura do século XX, modificando a forma como artistas, escritores, cineastas e até mesmo a sociedade em geral passaram a entender a mente humana. Ao revelar que nossos pensamentos e comportamentos são amplamente influenciados por conteúdos e desejos reprimidos, a psicanálise abriu espaço para uma nova maneira de enxergar a subjetividade e a complexidade do ser. 


Esse conceito estimulou a produção de obras que exploravam sonhos, símbolos e a dualidade entre o consciente e o inconsciente, inspirando movimentos artísticos como o surrealismo, que buscava romper com a lógica racional e acessar imagens e sensações ocultas na mente. Na literatura, por exemplo, autores passaram a dar mais ênfase à interioridade dos personagens, criando narrativas que dialogavam com conflitos internos e dilemas existenciais. O cinema também incorporou essas ideias, utilizando técnicas de narrativa e montagem que evocavam estados mentais ambíguos e atmosferas oníricas. 


Assim, a influência da teoria freudiana ultrapassou os limites da psicologia, contribuindo para uma revolução cultural que valorizava a introspecção, o simbolismo e a compreensão dos aspectos mais profundos da experiência humana, refletindo e moldando as transformações sociais e culturais de uma época marcada por grandes inovações e mudanças.




Comments


inscreva-se no nosso site

Fique por dentro de todas as novidades do Rasgo, receba nossa newsletter e acompanhe em primeira mão o lançamento de novos cursos e eventos!

entre em
contato

contato.rasgo@gmail.com
     (11) 96317-5260

whatsapp-white.png

social

  • Branca Ícone Instagram
  • Branco Facebook Ícone
  • Branca ícone do YouTube
bottom of page